Médico
e pesquisador que acompanham a evolução da pandemia no estado concordam que a
capital ainda não atende ao que recomenda a OMS, como controle da transmissão
da Covid-19, rastreamento de casos e engajamento da população.
e pesquisador que acompanham a evolução da pandemia no estado concordam que a
capital ainda não atende ao que recomenda a OMS, como controle da transmissão
da Covid-19, rastreamento de casos e engajamento da população.
A
reabertura gradativa dos serviços não essenciais em Maceió está marcada para
sexta-feira (3), seguindo a mudança de fase no protocolo estabelecido pelo
governo de Alagoas. Entretanto, especialistas entrevistados pelo G1 dizem que a
decisão é precipitada e que a capital ainda não se encaixa nas recomendações da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para a flexibilização.
reabertura gradativa dos serviços não essenciais em Maceió está marcada para
sexta-feira (3), seguindo a mudança de fase no protocolo estabelecido pelo
governo de Alagoas. Entretanto, especialistas entrevistados pelo G1 dizem que a
decisão é precipitada e que a capital ainda não se encaixa nas recomendações da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para a flexibilização.
O
Estado se baseia nos dados da capacidade hospitalar instalada, evolução dos
óbitos e taxa de crescimento da Covid-19, indicadores que compõem a Matriz de
Risco, elaborada para nortear a retomada dos setores produtivos fechados desde
março como forma de conter o coronavírus. Para o governo, esses índices revelam
um controle da pandemia na capital.
Estado se baseia nos dados da capacidade hospitalar instalada, evolução dos
óbitos e taxa de crescimento da Covid-19, indicadores que compõem a Matriz de
Risco, elaborada para nortear a retomada dos setores produtivos fechados desde
março como forma de conter o coronavírus. Para o governo, esses índices revelam
um controle da pandemia na capital.
Ainda
é preciso que a prefeitura de Maceió oficialize as novas regras no decreto de
emergência que deve ser anunciado nesta quinta-feira (2), mas o decreto
estadual já permite reabertura de lojas ou estabelecimentos de rua de qualquer
segmento, desde que tenha até 400 m², salões de beleza e barbearias (com 50% da
capacidade) e templos, igrejas e demais instituições religiosas (com 30% da
capacidade).
é preciso que a prefeitura de Maceió oficialize as novas regras no decreto de
emergência que deve ser anunciado nesta quinta-feira (2), mas o decreto
estadual já permite reabertura de lojas ou estabelecimentos de rua de qualquer
segmento, desde que tenha até 400 m², salões de beleza e barbearias (com 50% da
capacidade) e templos, igrejas e demais instituições religiosas (com 30% da
capacidade).
Só
que para tomar essa decisão com segurança, é preciso atender mais que os
indicadores da Matriz de Risco. É o que avaliam o professor Sérgio Lira, doutor
do Instituto de Física da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e membro do
subcomitê de modelos matemáticos e epidemiologia do Comitê Científico do
Consórcio Nordeste; e o médico Lauro Pedroza, da Associação Brasileira de
Médicas e Médicos Pela Democracia, grupo que contribuiu para a elaboração do Plano
Nacional de Enfrentamento à Covid-19.
que para tomar essa decisão com segurança, é preciso atender mais que os
indicadores da Matriz de Risco. É o que avaliam o professor Sérgio Lira, doutor
do Instituto de Física da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e membro do
subcomitê de modelos matemáticos e epidemiologia do Comitê Científico do
Consórcio Nordeste; e o médico Lauro Pedroza, da Associação Brasileira de
Médicas e Médicos Pela Democracia, grupo que contribuiu para a elaboração do Plano
Nacional de Enfrentamento à Covid-19.
Os
critérios da OMS, citados pelos especialistas como necessários para
afrouxamento das medidas restritivas, são os seguintes: a transmissão da
Covid-19 deve estar controlada; o sistema de saúde deve ser capaz de detectar,
testar, isolar e tratar todos os casos, além de traçar todos os contatos; os
riscos de surtos devem estar minimizados em condições especiais, como
instalações de saúde e casas de repouso; medidas preventivas devem ser adotadas
em locais de trabalho, escolas e outros lugares aonde seja essencial as pessoas
irem; os riscos de importação devem ser administrados; as comunidades devem
estar completamente educadas, engajadas e empoderadas para se ajustarem à nova
norma.
critérios da OMS, citados pelos especialistas como necessários para
afrouxamento das medidas restritivas, são os seguintes: a transmissão da
Covid-19 deve estar controlada; o sistema de saúde deve ser capaz de detectar,
testar, isolar e tratar todos os casos, além de traçar todos os contatos; os
riscos de surtos devem estar minimizados em condições especiais, como
instalações de saúde e casas de repouso; medidas preventivas devem ser adotadas
em locais de trabalho, escolas e outros lugares aonde seja essencial as pessoas
irem; os riscos de importação devem ser administrados; as comunidades devem
estar completamente educadas, engajadas e empoderadas para se ajustarem à nova
norma.
“Avaliamos
que Maceió não passa nesses critérios, tendo em vista que não há programa de
rastreamento de casos, o número de casos não vem caindo, na segunda-feira a
ocupação de leitos de UTI chegou a 95%, e boa parte da população não está
fazendo uso adequado de máscaras”, afirma o pesquisador Sérgio Lira.
que Maceió não passa nesses critérios, tendo em vista que não há programa de
rastreamento de casos, o número de casos não vem caindo, na segunda-feira a
ocupação de leitos de UTI chegou a 95%, e boa parte da população não está
fazendo uso adequado de máscaras”, afirma o pesquisador Sérgio Lira.
O
G1 entrou em contato na tarde de quarta (1) com a Secretaria de Estado da Saúde
(Sesau), que coordena a avaliação dos indicadores para a reabertura, mas até a
última atualização desta reportagem não tinha recebido resposta sobre os questionamentos
levantados pelos especialistas. Embora o governo do estado tenha classificado a
situação da capital como de risco moderado alto, o professor disse que Alagoas
e os demais estados do Nordeste ainda estão em situação de alto risco em
relação ao novo coronavírus.
G1 entrou em contato na tarde de quarta (1) com a Secretaria de Estado da Saúde
(Sesau), que coordena a avaliação dos indicadores para a reabertura, mas até a
última atualização desta reportagem não tinha recebido resposta sobre os questionamentos
levantados pelos especialistas. Embora o governo do estado tenha classificado a
situação da capital como de risco moderado alto, o professor disse que Alagoas
e os demais estados do Nordeste ainda estão em situação de alto risco em
relação ao novo coronavírus.
“O
Comitê Científico do Consórcio Nordeste emitiu em seu boletim 08 do dia 01 de
junho uma matriz de risco que deveria ser adotada pelos estados como parâmetro
objetivos para delinear estratégias de fechamento ou reabertura. Esta matriz
foi elaborada com base nestes critérios da OMS e em planos de flexibilização de
países como Reino Unido e França. Com base em três classes de critérios (tensão
no sistema hospitalar, espalhamento da epidemia e isolamento social), faixas de
risco são atribuídas com as cores verde, amarela e vermelha. Aqui em Alagoas,
assim como em outros estados do Nordeste, estamos com classificação vermelha
nas três classes, indicando alto risco em todas elas. Infelizmente esta matriz
não foi amplamente adotada pelos governos estaduais”, diz Lira.
Comitê Científico do Consórcio Nordeste emitiu em seu boletim 08 do dia 01 de
junho uma matriz de risco que deveria ser adotada pelos estados como parâmetro
objetivos para delinear estratégias de fechamento ou reabertura. Esta matriz
foi elaborada com base nestes critérios da OMS e em planos de flexibilização de
países como Reino Unido e França. Com base em três classes de critérios (tensão
no sistema hospitalar, espalhamento da epidemia e isolamento social), faixas de
risco são atribuídas com as cores verde, amarela e vermelha. Aqui em Alagoas,
assim como em outros estados do Nordeste, estamos com classificação vermelha
nas três classes, indicando alto risco em todas elas. Infelizmente esta matriz
não foi amplamente adotada pelos governos estaduais”, diz Lira.
Outro
dado questionado pelos especialistas é de que a tendência de redução de mortes
por Covid-19 na capital nas últimas semanas epidemiológicas seja suficiente
para justificar uma reabertura. Tanto o pesquisador Sérgio Lira quanto o médico
Lauro Pedroza concordam que essa queda ainda é insuficiente.
dado questionado pelos especialistas é de que a tendência de redução de mortes
por Covid-19 na capital nas últimas semanas epidemiológicas seja suficiente
para justificar uma reabertura. Tanto o pesquisador Sérgio Lira quanto o médico
Lauro Pedroza concordam que essa queda ainda é insuficiente.
“Não
é uma queda que justifique a reabertura, ainda mantém um nível alto de óbitos.
É um patamar de mortes inaceitável para uma doença previnível”, afirma Pedroza.
é uma queda que justifique a reabertura, ainda mantém um nível alto de óbitos.
É um patamar de mortes inaceitável para uma doença previnível”, afirma Pedroza.
“De
acordo com os dados divulgados pela Sesau, em Alagoas há uma tendência de
estabilização, tanto de casos como de mortes. Há uma melhora considerável na
taxa de novos contágios em Maceió, mas uma piora no interior. No entanto, o que
a experiência de outros estados brasileiros e americanos nos mostra, é que uma
flexibilização do isolamento nesse momento sem um grande monitoramento dos
casos leva a um grande rebote de casos e hospitalizações. Além disso, a rede
hospitalar alagoana não possui folga para absorver uma demanda crescente devido
a uma flexibilização”, avalia o pesquisador.
acordo com os dados divulgados pela Sesau, em Alagoas há uma tendência de
estabilização, tanto de casos como de mortes. Há uma melhora considerável na
taxa de novos contágios em Maceió, mas uma piora no interior. No entanto, o que
a experiência de outros estados brasileiros e americanos nos mostra, é que uma
flexibilização do isolamento nesse momento sem um grande monitoramento dos
casos leva a um grande rebote de casos e hospitalizações. Além disso, a rede
hospitalar alagoana não possui folga para absorver uma demanda crescente devido
a uma flexibilização”, avalia o pesquisador.
O
médico demonstrou ainda preocupação em relação à taxa de ocupação de leitos,
que estava em 84% em Maceió e 79% em todo o estado, segundo última atualização,
feita às 17h de quarta (1). “O recomendado é que o nível fique em no
máximo 60%”.
médico demonstrou ainda preocupação em relação à taxa de ocupação de leitos,
que estava em 84% em Maceió e 79% em todo o estado, segundo última atualização,
feita às 17h de quarta (1). “O recomendado é que o nível fique em no
máximo 60%”.
O
governo, porém, considera não somente os leitos de UTI, mas todos os leitos com
respiradores. Um erro, na avaliação do médico Lauro Pedroza. “Leitos com
respiradores não são leitos de UTI. Leitos de UTI não precisam só de
respiradores, precisam de equipe de terapia intensiva, porque quem trata é a
equipe e não o respirador”.
governo, porém, considera não somente os leitos de UTI, mas todos os leitos com
respiradores. Um erro, na avaliação do médico Lauro Pedroza. “Leitos com
respiradores não são leitos de UTI. Leitos de UTI não precisam só de
respiradores, precisam de equipe de terapia intensiva, porque quem trata é a
equipe e não o respirador”.
O
Comitê Científico do Consórcio Nordeste recomenda medidas mais eficazes para o
enfrentamento da pandemia em Alagoas.
Comitê Científico do Consórcio Nordeste recomenda medidas mais eficazes para o
enfrentamento da pandemia em Alagoas.
“As
recomendações além destes indicadores são de investir em prevenção de casos
através do rastreamento da cadeia de contágios, quarentena eficiente de
suspeitos, campanhas de distribuição e educação do uso de máscaras. Os gestores
estaduais devem articular estas medidas com os municípios, utilizando os
agentes de saúde primária na busca ativa de casos”, orienta Lira.
recomendações além destes indicadores são de investir em prevenção de casos
através do rastreamento da cadeia de contágios, quarentena eficiente de
suspeitos, campanhas de distribuição e educação do uso de máscaras. Os gestores
estaduais devem articular estas medidas com os municípios, utilizando os
agentes de saúde primária na busca ativa de casos”, orienta Lira.
É
preciso ampliar a testagem
preciso ampliar a testagem
O
médico Lauro Pedroza diz também que a maior falha de Alagoas é não identificar
e monitorar casos novos de Covid-19. “Quando você conseguir baixar o número de
casos novos, conseguir monitorar esses casos, acompanhar de perto e também ter
uma folga na rede hospitalar, aí sim você pode pensar em flexibilização”.
médico Lauro Pedroza diz também que a maior falha de Alagoas é não identificar
e monitorar casos novos de Covid-19. “Quando você conseguir baixar o número de
casos novos, conseguir monitorar esses casos, acompanhar de perto e também ter
uma folga na rede hospitalar, aí sim você pode pensar em flexibilização”.
A
realização de testes sorológicos rápidos em maior número do que os testes
RT-PCR (que detectam o material genético do vírus e são considerados mais
confiáveis) também é questionada. Entidades médicas indicam que o resultado
negativo do teste rápido não é confiável para indicar redução de novos casos,
porque o corpo pode ainda não ter produzido anticorpos em quantidade
detectável, resultando em falso negativo.
realização de testes sorológicos rápidos em maior número do que os testes
RT-PCR (que detectam o material genético do vírus e são considerados mais
confiáveis) também é questionada. Entidades médicas indicam que o resultado
negativo do teste rápido não é confiável para indicar redução de novos casos,
porque o corpo pode ainda não ter produzido anticorpos em quantidade
detectável, resultando em falso negativo.
“Quando
o estado deixa de fazer o PCR, deixa de identificar os casos e de ter a
oportunidade de monitorar esses casos. O estado não está testando praticamente
nada. O recomendado é o PCR e não o teste rápido. Alagoas precisa voltar a
testar mais com PCR. O estado precisa ir para a comunidade por meio de agentes
de saúde, ir para as ruas, e acompanhar os casos. Quem chega no hospital já
está doente. O recomendando é monitorar antes”, alerta Pedroza.
o estado deixa de fazer o PCR, deixa de identificar os casos e de ter a
oportunidade de monitorar esses casos. O estado não está testando praticamente
nada. O recomendado é o PCR e não o teste rápido. Alagoas precisa voltar a
testar mais com PCR. O estado precisa ir para a comunidade por meio de agentes
de saúde, ir para as ruas, e acompanhar os casos. Quem chega no hospital já
está doente. O recomendando é monitorar antes”, alerta Pedroza.
Para
o médico, o momento não é de reabertura, mas de isolamento total compulsório, o
chamado lockdown.
o médico, o momento não é de reabertura, mas de isolamento total compulsório, o
chamado lockdown.
“Uma
ou duas semanas de lockdown agora e esses números cairiam. O que precisa ser
feito é diminuir o número de novos casos, para isso é preciso identificar esses
casos e monitorá-los”, orienta o médico Lauro Pedroza.
ou duas semanas de lockdown agora e esses números cairiam. O que precisa ser
feito é diminuir o número de novos casos, para isso é preciso identificar esses
casos e monitorá-los”, orienta o médico Lauro Pedroza.
E
faz um último alerta, para que Alagoas não perca o controle do vírus como
aconteceu com Manaus.
faz um último alerta, para que Alagoas não perca o controle do vírus como
aconteceu com Manaus.
“O
Estado não está levando em conta o que a ciência diz sobre o vírus. Esse é o x
da questão. Não está levando em conta o que a ciência fala sobre a disseminação
do vírus, não está levando em conta exemplos de países que conseguiram ter
respostas positivas, que foi por meio de monitoramento de casos”, afirma o
médico.
Estado não está levando em conta o que a ciência diz sobre o vírus. Esse é o x
da questão. Não está levando em conta o que a ciência fala sobre a disseminação
do vírus, não está levando em conta exemplos de países que conseguiram ter
respostas positivas, que foi por meio de monitoramento de casos”, afirma o
médico.
Fonte:
G1 AL
G1 AL