Empresa israelense que gera água a partir do ar terá base no Nordeste

Promessa de Bolsonaro é
negociar a instalação de fábrica na região para venda de equipamentos que transformam
umidade em orvalho.

A partir de janeiro, o
Nordeste poderá ter uma instalação piloto para tirar água salobra de poços,
dessalinizar, armazenar e distribuir para a agricultura familiar da região. A
novidade nesse caso seria o uso de tecnologia israelense. Já no início do
próximo ano, o futuro ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, visitará
no país do Oriente Médio instalações de dessalinização, plantações e o
escritório de patentes.
A informação foi divulgada
nesta terça-feira (25) pelo presidente da República eleito, Jair Bolsonaro, por
meio de seu perfil no Twitter. Ele disse que fará parcerias com Israel para
beneficiar o Nordeste, única região do país onde foi derrotado nas urnas nas
eleições de outubro.
 “Também estudamos junto ao embaixador de Israel
e empresa especializada testar tecnologia que produz água a partir da umidade
do ar em escolas e hospitais da região. Poderemos, inclusive, negociar a
instalação de fábrica no Nordeste para venda desses equipamentos”, escreveu no
Twitter.
A empresa é a Watergen,
que já realizou testes na capital do Vietnã, Hanói. Movido a energia elétrica,
um equipamento pequeno pesando cerca de 50 quilos pode gerar entre 20 a 25
litros de água potável por dia. Uma unidade de grande escala pode extrair até
5.000 litros por dia.
O gerador de água
atmosférica absorve o ar ambiente através de um filtro e o resfria até seu
ponto de orvalho, extraindo água através da condensação. A água é então
purificada, mineralizada e está pronta e segura para beber.

O pioneirismo de Fernando
de Noronha

De acordo com o diretor da
Região Nordeste, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
(Abes), Francisco Vieira Paiva, “a dessalinização faz parte de um contexto
mundial. A indústria usa a dessalinização para processos industriais. Com
relação ao consumo humano, países semelhantes ao Brasil, com regiões
[climáticas parecidas com as do] Nordeste, têm experimentado essa tecnologia,
porque é uma forma de minimizar o impacto às populações”, explicou.
Fernando de Noronha (PE) é
o exemplo pioneiro de alcance público: possui uma usina de dessalinização para
consumo humano que apoia o sistema de abastecimento da ilha, especialmente nos
períodos de estiagem. O distrito estadual possui apenas um açude, o Xaréu, além
de poços.

A experiência israelense

Israel é o líder mundial
em reutilização de água, em todos os métodos. O governo investe maciçamente em
dessalinização — mais de US$ 3,5 bilhões por ano, com 39 unidades em
funcionamento. Em outubro de 2013, foi inaugurada a maior delas, em Sorek,
produzindo 227 bilhões de litros por ano. Atualmente, mais da metade da água
potável consumida vem do mar (600 bilhões de litros por ano) e a meta é, em
pouco mais de cinco anos, chegar a 100%.
O consumo per capita de
água na região é de 140 litros por dia e as três fontes — chuva, Mar da
Galileia e três aquíferos — passaram por dificuldades recentes. Com 60% do
território em área de deserto, Israel é muito dependente da agricultura
irrigada, com a qual precisa alimentar 8 milhões de habitantes. Quase metade da
irrigação é feita com água dessalinizada.
Desde 1955 a reutilização
é política nacional e, com 80% de reúso da água doméstica (400 bilhões de
litros por ano), o país está muito à frente de Espanha (14%), Austrália (9%) e
Itália (8%), por exemplo.

Por: Redação OP9 com
Agência Brasil e Agência Senado

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