Atividades foram suspensas em março de 2020
por causa da pandemia da Covid e agora acontecem em formato híbrido. Estudantes
ainda precisam seguir protocolos sanitários para evitar o contágio.
Depois de mais de um ano com aulas virtuais
por causa pandemia da Covid-19, as escolas da rede estadual de ensino de
Alagoas voltaram a receber alunos com a retomada das aulas presenciais nesta
segunda-feira (16). Estudantes e professores ainda precisam seguir protocolos
sanitários para evitar o contágio.
O retorno não é integral. As aulas acontecem
a partir de agora em formato híbrido, com atividades presenciais e não
presenciais e a presença em sala de aula de 50% dos estudantes de cada turma. O
revezamento dos alunos será semanal.
No Centro Educacional de Pesquisa Aplicada
(Cepa), no bairro do Farol, em Maceió, o cenário nesta manhã era bem diferente
de meses anteriores. Estudantes e ônibus escolares voltaram a circular no maior
complexo educacional do estado.
Volta às aulas: perguntas e respostas
A média de casos e mortes pela Covid vem
caindo no estado, a ocupação de leitos está cada vez menor, mas o momento ainda
é de insegurança. “Os professores têm medo, não estão seguros para voltar
às aulas presenciais. Por outro lado, vejo que os alunos passaram por uma
defasagem nessa pandemia”, diz o professor Antônio Silva, que reconhece a
necessidade do retorno.
“Os professores mandam atividades
online, mas os alunos não conseguem realizá-las porque eles não têm recursos ou
não têm acompanhamento. Em sala de aula a gente consegue controlar os alunos,
mas fora dela, não. Já ouvi relatos de alunos que em casa eles não têm um
acompanhamento e ficam perdidos”, observou Silva.
Na Escola Moreira e Silva, cerca de 100
estudantes voltaram neste primeiro dia de aulas presenciais. Na entrada de cada
sala de aula e nos corredores há cartazes com orientações para a prevenção ao
contágio pelo coronavírus, como usar máscara, higienizar as mãos com álcool gel
e respeitar o distanciamento.
Mesmo com tantas regras a seguir, o retorno é
comemorado pelos estudantes. Muitos confirmam a impressão do professor Antônio
ao relatarem suas experiências pessoais sobre as dificuldades de manter os
estudos no formato remoto.
“Em casa tira muito a nossa atenção e
não tem um horário certo de estudar, na escola tem um horário certo. Era bem
cansativo porque eu tinha que fazer as coisas em casa, as coisas domésticas,
porque minha mãe não pode fazer essas coisas, só minha irmã e eu, meu pai sai
pra trabalhar. Minha mãe é diabética, não pode ficar muito tempo em pé nem
sentada, aí sobra pra mim. Minha irmã é especial, vai pra Adefal todo dia. Sou
irmã mais velha e toda a responsabilidade cai em mim”, diz Érica Batista,
que aos 17 anos cursa o primeiro ano do ensino médio.
De acordo com a Secretaria de Educação do
Estado (Seduc), 90% das unidades estão com estrutura adequada para receber os
estudantes. Já os outros 10%, ainda estão passando por reformas estruturais e
não têm data para o retorno. As que voltaram, devem seguir o Protocolo de
Gestão Escolar com medidas adaptadas ao momento da pandemia.
De máscara, os alunos se concentraram no
pátio da escola para receber as primeiras orientações. Mesmo com as cadeiras em
distanciamento, muitos ficaram próximos uns dos outros.
“A grande maioria de vocês queria que
esse grande dia chegasse, estava ansiosa por esse dia. O que a gente pede é que
todos mantenham o distanciamento assim que possível, usem o álcool gel em
demasia ou lavem as mãos. Se a gente seguir esse caminho de segurança, a gente
vai virar rapidinho essa página. Com certeza os alunos da rede pública de
ensino vão ser os primeiros a tomarem a vacina. Muitos professores estão se
arriscando por amor a vocês”, falou o secretário de Estado da Educação,
Rafael Brito.
Veja o protocolo publicado pelo governo de
Alagoas
Na Escola Estadual Theonilo Gama, no
Jacintinho, os protocolos também eram de aferição de temperatura e higienização
das mãos com álcool gel na entrada, além de tapete sanitizante e exigência do
uso de máscara e respeito ao distanciamento de no mínimo 1 metro.
A escola também optou por levar a merenda dos
alunos nas salas de aula, para evitar aglomeração nas áreas comuns. Os mesmos
protocolos serão adotados pelos alunos da noite e para os alunos da EJA.
Na entrada de cada sala de aula há
orientações de como lavar as mãos corretamente, além de álcool gel à
disposição. Segundo a diretora da escola, Maria Godoi, os pais dos alunos
também foram recebidos neste primeiro dia de retorno para tirar dúvidas sobre o
novo formato das aulas e sobre os protocolos de segurança.
“Estamos ansiosos e ao mesmo tempo com a
sensação de novidade, já que estamos em pandemia. Mas não dá pra ficarmos
parados. Recebemos os pais de alunos hoje, alguns estão apreensivos e outros estão
satisfeitos. Mesmo com as aulas online, eles estavam sendo prejudicados”,
afirmou a diretora da Escola Theonilo Gama.
A diretora Maria Godoi lembra que, no período
do ensino 100% remoto, alunos ajudaram os professores com tutoriais de como
usar as tecnologias para dar aula. “Tem alunos que se deram muito bem
on-line e tem outras situações. A casa tem muita gente, não tem um ambiente de
acompanhamento e, às vezes, tinham discussões em casa que dificultavam o
trabalho”, explica Maria Godoi.
Cada escola tem uma forma específica de
conduzir os protocolos, de acordo com o universo de alunos e professores. A
Theonilo está recebendo, no máximo, 20 alunos por sala. Em uma semana vai
presencialmente uma turma, na semana seguinte alterna, vai quem ficou em casa e
quem estava presencialmente fica no ensino remoto.
Ao final da semana presencial, os alunos
pegam o material escolar para o ensino remoto na semana seguinte. Se a escola
avaliar que é possível aumentar o número de estudantes em sala de aula e ainda
manter o distanciamento, a frequência do rodízio pode ser reduzida.