O
anúncio do cancelamento das fases já realizadas dos concursos da Segurança
Pública de Alagoas nessa sexta-feira, 29, movimentou os cursos preparatórios em
Alagoas. Entre alunos decepcionados por terem sido classificados e outros que
já estavam na expectativa da realização de novas provas, a notícia, no geral,
foi bem recebida no meio, diante das investigações da polícia alagoana que
descobriu tentativas de fraudes por um grupo especializado nesse tipo de crime
em nível nacional. O TNH1 conversou com dirigentes de alguns desses cursos na
capital, e o único ponto polêmico foi com relação ao cancelamento do certame do
Corpo de Bombeiros. Os questionamentos se dão pelo fato de o processo de
seleção para o CB já está mais adiantado, e de as denúncias apresentadas pela
polícia só incluírem tentativas de fraudes nas provas da PM e da Polícia Civil.
Na
lista dos que não se surpreenderam com a suspensão de todos os concursos,
incluindo o do CB, Caynã Gazele, que coordena o Portal Concursos, e é formado
em Direito, disse que, considerando o número grande de candidatos aprovados por
meio da suposta fraude, não lhe causou estranhamento a decisão da Seplag. No
caso do certame dos Bombeiros, ele observa que todo o processo – da banca aos
editais e os prazos – foram os mesmos.
“Não
me surpreende [cancelamento do concurso do CB}. Foram concursos lançados
próximos ums dos outros, feitos pela mesma banca, exigindo a mesma
escolaridade, praticamente o mesmo edital. Além disso houve pessoas que
fraudaram, ou tentaram fraudar, o certame da PM e também estão na lista dos
Bombeiros. Outra coisa, não sabemos os pormenosres da investigação, não se pode
dize se houve ou não tentativa de fraude no concurso dos Bombeiros”,
avalia o coordenador.
“Em
virtude da fraude ou tentativa de fraude e a quantidade de candidatos que foram
aprovados de forma fraudulenta, a gente acata como justa essa decisão de
cancelar, tendo em vista que não tem como mensurar o tamanho disso. Na verdade
foram seis certames viciados: dois para dois cargos da PM, dois da PC e dois do
Corpo de Bombeiros”, completa Gazele.
Já
Juliana Karine Ribeiro, diretota do PHD concursos, disse que foi surpreendida
porque no caso do certame para os Bombeiros, os candidatos já haviam feito o
TAF, o Teste de Aptidão Física. “Não imaginava que o concurso do Corpo de
Bombeiros fosse anulado, até porque já foi feito o TAF, e já estavam seguindo
para a próxima etapa, que era dos exames médicos”, argumenta.
“No
caso do concurso da Polícia Civil, não foi tanta a surpresa pois desconfiamos
do fato de que a lista de convocação para o TAF não saiu na data prevista, nem
no dia 27, quando foi prorrogado, nem a Cebraspe deu satisfação. Mas sentimos
pelos alunos, que ficaram muito sensibilizados, pois sabemos o quanto eles
estudaram. Temos alunos que chegavam de manhã e só saiam à noite”,
lamentou Juliana.
Luiz
Carlos de Oliveira, que comanda o IPM cursos, faz coro com Juliana Karine.
“Acreditávamos que poderiam até cancelar, mas não todos, pois as
evidências mais pesadas eram nos certames da PM e da PC, a surpresa foi o
cancelamento do certame do Corpo de Bombeiros. Essa foi a grande surpresa, já
que, do que foi divulgado das denúncias, não citava o CB”, diz
Oliveira. “É uma decisão pesada,
importante, mas necessária, já que a própria investigação da Polícia Civil
informou que a banca não teve envolvimento, não houve fuga de gabaritos, e sim,
pontos eletrônicos”, observa.
Ainda
sem nova data – A Secretaria de Estado
do Planejamento, Gestão e Patrimônio de Alagoas (Seplag) ainda não divulgou um
novo cronograma para as provas canceladas. O anúncio do cancelamento foi feito
pelo secretário pelo secretário Fabrício Marques, nessa sexta-feira, 29. Ele
explicou que a decisão foi tomada após o término da primeira fase da Operação
Loki, que constatou a existência de um esquema de alcance nacional de tentativa
de fraudes em concursos públicos, e por não conseguir, apesar das
investigações, identificar exatamente quais foram os beneficiados com o
esquema.
“A Seplag decidiu cancelar as fases já
realizadas de três concursos da SSP após o resultado da primeira fase da
operação Loki, deflagrada pela Polícia Civil. A investigação constatou a
atuação de um esquema nacional criminoso que estaria agindo contra a lisura não
só das provas da Polícia Militar de Alagoas, mas também dos certames da Polícia
Civil e do Corpo de Bombeiros”, anunciou o secretário.
Cebraspe
emite nota – Já a banca organizadora dos três concursos, o Cebraspe, Centro
Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos,
procurada pelo TNH1, emitiu nota, onde ressalta que a tentativa de fraude
“não guarda qualquer relação com o Cebraspe, sendo esta Instituição e os
candidatos dos certames vítimas de criminosos que trabalham para macular a
integridade de concursos públicos”. Leia a nota na íntegra:
“O Cebraspe informa que a decisão adotada
pela Seplag/AL está oficializada nas páginas oficiais dos certames da PM/AL,
PC/AL e CBM/AL. Conforme informações das Polícias envolvidas na investigação e
fornecidas por meio de coletiva de imprensa no dia 21/10/2021, a tentativa de
fraude se deu por meio de grupo que utilizava pontos eletrônicos e não guarda
qualquer relação com o Cebraspe, sendo esta Instituição e os candidatos dos
certames vítimas de criminosos que trabalham para macular a integridade de
concursos públicos. Por fim, o Centro destaca que trabalha continuamente para
aperfeiçoar seus processos de segurança em todas as fases dos certames”,
diz a nota.
Por TNH1