Mata Grande, das Matas de Santa Cruz e da Serra da Onça

Por Ticianeli em Memória Urbana

Rua de Baixo em Mata Grande

Os primeiros proprietários do enorme latifúndio que hoje engloba os
municípios alagoanos de Mata Grande, Água Branca. Piranhas e Delmiro Gouveia
foram os capitães-mores Antônio de Souto Macedo, Sebastião de Sá, Francisco de
Brá, Teodósio da Rocha, mestre-de-campo Nicolau Aranha Pacheco, Baltazar
Farias, Damião da Rocha, Antônio de Farias, Diogo de Campos e a famosa Casa da
Torre de Garcia D’Ávila da Bahia.
Cadeia pública em Mata Grande
Destes, somente Sebastião de Sá e Antônio de Souto Macedo desbravaram e
colonizaram as terras marginais do rio dos Cabaços e do seu afluente Capiá,
como ficou registrado em um documento datado de 14 de janeiro de 1660.
Estas sesmarias foram doadas, em nome de Sua Majestade, pelo governador
general Francisco Barreto de Menezes, da Capitania de Pernambuco, a Antônio de
Souto Macedo e demais condôminos como recompensa pelos relevantes serviços
prestados por eles na guerra da restauração pernambucana.
Os dois pioneiros estabeleceram em suas terras, seis fazendas de criação
— Itabaiana, Barra do Rio dos Cabaços. Remanso, Cachoeira Grande, Dois Riachos,
Lagoa do Pacá e Ouricuri —, com 2.000 cabeças de gado bovino, aproximadamente
40 escravos, alguns animais cavalares e, em cada uma delas, duas ou três casas
de taipa, algumas das quais cobertas de telhas.
Igreja Matriz Nossa da Conceição em Mata Grande
Sebastião de Sá fixou residência na fazenda Cachoeira Grande, que fica na
ribeira do Canapi, um pouco acima do povoado que daria nome ao município de
Canapi. Antônio de Souto de Macedo se estabeleceu no lugar denominado
Itabaiana, próximo à fazenda Branquinha.
O capitão-mor Sebastião de Sá fez doação de sua propriedade no colégio
dos Padres Jesuítas do Recife (depois Espirito Santo), e igual procedimento
teve Antônio de Souto Macedo que, por disposição testamentária, legou seus bens
ao citado colégio. Os Jesuítas tomaram posse destas fazendas por escrituras
passadas no dito colégio e na vila de São Francisco (Penedo).
Com a extinção da Ordem dos Jesuítas, eles são expulsos do Brasil e de
Portugal, além de terem seus bens sequestrados pela Real Coroa, que foram
vendidos em leilão realizado em Recife no dia 1° de fevereiro de 1764.
Quem arrematou as terras foi o capitão-mor João Carlos Dantas. Assumiu
que pagaria seis contos e quatrocentos mil réis. Pagou quatrocentos mil réis à
vista e o restante honraria em cinco prestações, dentro de cinco anos.
Como não cumpriu os pagamentos, os bens sofreram novo sequestro e, em
novo leilão realizado ainda em Recife, foram arrematadas pelos capitães
Cipriano da Cunha e Francisco Gomes de Sá, filho de Sebastião de Sá, que ao
falecer deixou estas terras para seu filho, o comandante Cipriano Gomes de Sá,
residente, então, na fazenda Gravatá no atual município pernambucano de
Petrolândia.
Praça da Matriz em Mata Grande
A atual cidade de Mata Grande teve seu povoamento iniciado em 1791,
quando João Gonçalves Teixeira e sua mulher Maria Luiza instalaram uma fazenda
nas terras conhecidas como Cumbe, nas Matas de Santa Cruz, região serrana com
uma fonte perene que abastecia sua propriedade e ao contraforte da Serra da
Onça.
Como de costume, os proprietários mandaram construir próximo a sua
residência uma capela de taipa, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.
Servia também de cemitério e ficava ao lado esquerdo do atual prédio do grupo
escolar.
Ergueu, em frente à capela, grande cruz de madeira feita do tronco de
enorme maçaranduba, que deu ao arraial o nome de Mata do Pau Grande. Escrituras
de 1808, registram o nome de Mata do Pau Grande, da freguesia de Nossa Senhora
da Saúde de Tacaratu.
Somente em 1835 é que sua denominação passou a ser Mata Grande, quando
foi anexada, como termo, à comarca de Penedo. O nome foi escolhido por ter a
povoação sido edificada junto à serra do mesmo nome, e que é coberta por uma
mata.
Rua de Mata Grande
Em abril de 1860, Mata Grande passou a denominar-se Paulo Afonso
obedecendo lei sancionada pelo presidente José Bento da Cunha Figueiredo. Era a
valorização da famosa Cachoeira de Paulo Afonso, então pertencendo ao
território do município.

Nos jornais
O Correio Maceioense de 15 de agosto de 1850 cita Mata Grande como
distrito ao informar que a Tesouraria Provincial havia nomeado Agostinho José
Corrêa para escrivão da Agência de Rendas naquela localidade.
No mesmo jornal, em 3 de novembro de 1850, há a ordem do governo para que
um funcionário de Penedo pague os vencimentos dos guardas nacionais de Mata
Grande, então comandados pelo capitão José Bernardo de Araújo e Silva.
Ainda nesta edição é publicada a orientação para que o agente de rendas
províncias da vila continuasse no seu emprego, por se achar “livre do crime”,
ficando sem efeito a nomeação de Manuel Francisco Malta. Na mesma publicação,
aprova-se a nomeação de Ignácio Xavier da Silva para escrivão da agência.
Rua de Mata Grande
Em fevereiro de 1851, o subdelegado da vila era José Aureliano Barreto e
o seu 1º suplente João Villar da Cunha.
Uma portaria governamental de 20 de fevereiro de 1851 ordena que sejam
feitas novas qualificações e alistamentos dos guardas nacionais. O Conselho de
Qualificação de Mata Grande foi assim nomeado: tenente-coronel Pedro Vieira
júnior, capitão Manoel José Malta, tenente Manoel Carneiro de Mendonça, tenente
Antônio Manoel de Castro Brandão e alferes José Aureliano Barreto.
No Indicador Geral do Estado de Alagoas, obra organizada por Moreno
Brandão e Torquato Cabral em 1902, o município, então denominada Paulo Afonso,
é citado como o mais ocidental do Estado e sujeito às secas por estar em pleno
sertão alagoano. “A natureza, porém, concedeu-lhe o inestimável legado de uma
zona fértil, riquíssima, abundante e fecunda, que constitui a sua maior
notabilidade bem comparável a dos oásis no meio dos arenosos desertos
africanos”, destaca o livro.
Panorama de Mata Grande
 
Em 1950, o município frequentou as manchetes dos principais veículos de
comunicação do país. Com a eleições gerais marcadas para 3 de outubro, as disputas
entre os poderosos grupos políticos chefiados pelo prefeito Moacir Peixoto e
pela família Malta aumentaram e chegou-se a um conflito armado com graves
consequências.
No dia marcado para as eleições ocorreu um cerrado tiroteio que vitimou
Eustáquio Malta e seus filhos Maria Sônia, com 16 anos, e João Ubaldo, com 18
anos. O caseiro Napoleão Henrique de Souza também foi atingido mortalmente e o
senador Ismar de Góis Monteiro saiu ferido.
Formação Administrativa
Elevado à categoria de vila com denominação de Mata Grande, pela lei
provincial nº 18, de 18 de março de 1837, desmembrado de Porto da Folha (mais
tarde Traipú).
Pela lei provincial nº 43, de 04 de maio de 1846, a vila é extinta e
reincorporada a Traipú.
Elevado novamente à categoria de vila com a denominação Mata Grande, pela
lei nº 197, de 28 de junho de 1852. Reinstalada em 27 de setembro de 1852.
Pela lei provincial nº 516, de 30 de abril de 1860, Mata Grande passou a
denominar-se Paulo Afonso.
Elevado à condição de cidade com a denominação de Paulo Afonso, pela lei
estadual nº 328, de 05 de junho de 1902. Esta lei foi assinada pelo governador
Euclides Vieira Malta, ilustre filho de Mata Grande.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município de Paulo
Afonso é constituído do distrito sede.
Pela lei estadual nº 1144, de 25 de maio de 1929, o município de Paulo
Afonso passou a denominar-se Mata Grande. O motivo da mudança do nome foi a
criação do município de Água Branca, que ficou com a cachoeira de Paulo Afonso
em seu território.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é
constituído distrito sede.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960, o município é
constituído distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada em 2007.
Fonte principal: IBGE e História de Alagoas

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